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Rev Estomatol Herediana. 2021 Ene-Mar;31(1):28-36
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Atribución 4.0 Internacional.
Cigarro Eletrônico: Mocinho ou Vilão?
Cigarrillo Electrónico: ¿Bueno o malo?
Electronic Cigarette: Good guy or bad guy?
Iasmim Lima Menezes
1,a
, Julianna Mendes Sales
1,a
, Joyce Karoline Neves Azevedo
1,a
, Ernani Canuto
Figueirêdo Junior
1,b
, Sandra Aparecida Marinho
1,c
RESUMEN
Objetivo: Discutir los efectos sobre la salud causados por el uso de cigarrillos electrónicos. Material y métodos:
Para ello, se realizó una búsqueda en la base de datos PubMed/Medline de artículos completos publicados en
los últimos 10 años. Se utilizaron un total de 21 artículos, según los criterios de inclusión establecidos, con
mayor prevalencia de estudios transversales. Resultados: Se encontró que los cigarrillos electrónicos pueden
incluso ayudar en el cese del tabaquismo convencional, sin embargo, sus usuarios no están exentos de sufrir
complicaciones de salud sistémicas. Estos contienen sustancias tóxicas y no deben considerarse completamente
seguros e inofensivos. Conclusiones: se necesitan más estudios para determinar las implicaciones para la salud
a largo plazo del uso de este deben considerarse completamente seguros e inofensivos.
PALABRAS CLAVE: Sistemas electrónicos de liberación de nicotina; tabaquismo; nicotina; dispositivos para
dejar de fumar tabaco.
SUMMARY
Objective: to discuss the health effects caused by the use of electronic cigarettes. Material and Methods: A
search was performed in the PubMed/Medline database of complete articles published in the last 10 years. A
total of 21 articles were used, according to the established inclusion criteria, with a higher prevalence of cross-
sectional studies. Results: It was verified that electronic cigarettes may even help in the cessation of conventional
smoking, however, their users are not exempt from suffering systemic health complications. They present toxic
substances and should not be considered totally safe and harmless. Conclusions: Further studies are still needed
to determine the implications of the use of this electronic device on the health of its users in the long term.
KEYWORDS: Electronic nicotine delivery systems; tobacco use disorder; nicotine; tobacco use cessation
devices.
1 Universidade Estadual da Paraíba, Campus VIII. Araruna, Brasil
a Graduanda em Odontologia
b Professor mestre, UEPB
c Professor doutor, UEPB
ARTÍCULO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE
DOI: https://doi.org/10.20453/reh.v31i1.3923
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Rev Estomatol Herediana. 2021 Ene-Mar;31(1):28-36
Cigarro Eletrônico: Mocinho ou vilão?
Lima-Menezes I. y col.
ARTÍCULO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE
INTRODUÇÃO
O tabagismo permanece um enorme obstáculo
para a saúde pública mundial, sendo classificado
como o principal motivo de morte evitável, matando
metade de seus usuários, com mais de sete milhões
de mortes diretamente relacionadas a ele. O cigarro
representa um fator de risco para o surgimento de
cânceres de boca, esôfago, laringe e pâncreas, além
de estar associado a diversas doenças pulmonares e
cardiovasculares (1,2).
Diante das várias doenças relacionadas ao
cigarro, as autoridades mundiais de saúde pública
se dedicaram intensamente para diminuir o seu uso,
através do desenvolvimento de políticas e critérios de
controle do tabaco, como a criação de campanhas de
prevenção na mídia e o aumento dos impostos (1).
Os relatos de saúde pública, que tratam das vantagens
financeiras e sistêmicas na saúde proporcionadas
pela redução do consumo do cigarro, representam
uma maneira eficaz para a difusão de informações de
modo compreensível e convincente para a população,
estimulando e promovendo alteração comportamental
dos usuários do cigarro convencional (CC) (3).
Os cigarros eletrônicos (CE), inseridos no mercado
em 2004, surgiram como alternativa para substituição
do tabagismo convencional. São dispositivos
eletrônicos mantidos por bateria, com uma solução
líquida aerossolizada que contem produtos químicos,
como nicotina, glicerol, propilenoglicol, agentes
aromatizantes e corantes. Vaping é o termo referente
à inalação do líquido, que é gerado pela vaporização
do dispositivo, sem combustão. A utilização dos
CE se desenvolveu globalmente de forma rápida,
especialmente entre jovens fumantes (4-7).
Os CE são considerados menos perigosos e tóxicos
que os convencionais, pois não formam as mesmas
substâncias químicas e partículas nocivas no pulmão,
pela ausência de combustão (6-9). Apesar de menos
perigosos, os CE não são isentos de afetar a saúde de
seus usuários, que o vapor gerado ainda apresenta
produtos tóxicos, como nicotina, chumbo e agentes
cancerígenos, ainda que em menor quantidade em
relação à fumaça do cigarro convencional, além
de compostos orgânicos voláteis. A nicotina pode
prejudicar o desenvolvimento dos fetos e afetar
aprendizagem, concentração e humor dos jovens.
Além disso, a nicotina pode aumentar a dependência
de medicamentos (10).
Fumantes de CE (“vapers”) podem ainda
apresentar consequências cardiovasculares, em
decorrência do teor de nicotina, que varia de 14,8 a
87,2mg/mL, dependendo da composição do cigarro.
Estes dispositivos eletrônicos podem provocar lesão
pulmonar; envenenamentos agudos por excesso de
nicotina (por ingestão acidental ou intencional);
lesões traumáticas, em virtude de explosões e
incêndios, resultando em queimadura, dilaceração e
hematoma no lábio. Por fim, a saúde bucal também
é comprometida, por meio de transformações nos
tecidos da cavidade oral, além da redução no fluxo
do fluido crevicular, menor sangramento, atraso
na cicatrização, degradação periodontal, podendo
originar e agravar lesões da mucosa oral, problemas
periodontais e peri-implantares (6-9).
Devido à atual limitação do conhecimento
em relação às consequências e implicações que o
crescente uso dos CEs promove na saúde dos seus
usuários, este estudo teve por finalidade, discorrer
sobre os efeitos dos mesmos na saúde geral do
indivíduo e sua repercussão na cavidade oral.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi elaborado mediante uma busca
realizada em abril de 2020, na base de dados National
Center for Biotechnology Information-NCBI
(PubMed: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/),
utilizando os termos electronic cigarette”, health”,
oral cavity”, e oral health”. Para a filtragem dos
artigos, foi aplicado o sistema de formulário avançado
“AND”, e selecionados os artigos publicados nos
últimos 10 anos. Após busca inicial, os artigos foram
avaliados para verificação da adequação ao tema. Os
critérios de inclusão foram estudos relacionados ao
cigarro eletrônico e à saúde do indivíduo, na língua
inglesa. Foram excluídos os estudos in vitro, em
animais, relatos de casos e revisões de literatura (não
sistemáticas).
Foram utilizadas também informações de sites
como CDC, Ministério da Saúde, ANVISA e o Global
State of Tobacco Harm Reduction (GSTHR).
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RESULTADOS
De um total de 49 artigos com textos completos
disponíveis, 28 (57,1%) artigos foram excluídos,
onde 20 artigos (40,8%) foram excluídos por não se
referirem estritamente ao tema, cinco (10,2%), por
serem revisão de literatura; dois (4,1%), por serem
relato de casos e um (2,0%) estudo animal, resultando
em um número final de 21 (42,9%) artigos. Dos 21
artigos utilizados, 14 (66,7%) foram classificados
como estudos transversais; quatro (19%), como
revisão sistemática; dois (9,5%) artigos, como ensaio
clínico randomizado e um (4,8%), como estudo
longitudinal.
REVISÃO DE LITERATURA
No Brasil, desde agosto de 2009, a venda,
importação e publicidade de qualquer dispositivo ou
acessório eletrônico, como os CE, são proibidos, de
acordo com a resolução 46, publicada pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O uso
em si é legal, sendo censurado em locais e transportes
públicos (11,12), mas sua venda é ilegal (12). Essa
proibição é burlada pela comercialização online (13).
Epidemiologia
No Brasil, houve uma queda de 15,6% para
10,4%, na prevalência de tabagismo entre adultos, de
2006 para 2015. Em relação ao consumo de cigarros,
também houve redução, de 812 ao ano, em 2006, para
500 ao ano, em 2013 (2).
Em um estudo realizado no Brasil, foi verificado
que 249 (37,4%) fumantes já conheciam o CE, sendo
que 48 (9,3%) deles haviam utilizado alguma
vez e 24 (4,6%) fumantes revelaram ter utilizado o
dispositivo nos últimos seis meses (13).
Nos EUA, foi verificado que os adolescentes
estavam mais propensos a utilizarem o cigarro
eletrônico que os adultos. Em 2019, o uso do CE foi
constatado em mais de cinco milhões de estudantes
dos ensinos fundamental e médio, sendo 10,5%
estudantes do middle school (correspondente do
ao 8° anos no Brasil) e 27,5% dos estudantes do high
school (correspondente do 9° ao 12° anos no Brasil).
Em relação aos adultos, no ano de 2015, 11,4% nunca
haviam fumado cigarro convencional, 29,8% eram
ex-fumantes desse e 58,8% o fumavam regularmente.
Contudo, em 2017, verificou-se que 2,8% dos adultos
estavam utilizando o CE. Dessa forma, no intuito
de cessar o tabagismo convencional, muitos adultos
estavam fazendo uso do CE, com a maioria sem
abandonar o CC, tornando-se usuário duplo (do CC
e do CE) (10). O uso concomitante de ambos causava
maior dependência de nicotina em seus usuários (14).
Cho (2017) (4) investigou, por meio de questionários,
o uso do cigarro eletrônico por adolescentes dos ensinos
fundamental e médio (idade média de 15 anos) da Coreia.
Esse foi determinado quando o adolescente relatava já
ter utilizado o CE na vida, mesmo que em uma ou duas
tragadas. Foi verificado que 5,9% eram ex-usuários do CE
(não utilizaram no último mês), 1259 (1,9%) adolescentes
o utilizaram de um a 29 dias no último mês e 297 (0,5%)
adolescentes eram usuários diários (usaram durante 30 dias
no último mês) do dispositivo eletrônico.
Nicotina
O teor de nicotina pode variar entre 14,8 e 87,2mg/
mL, dependendo da composição do cigarro (6-9).
Os dispositivos eletrônicos mais utilizados possuem
concentração de 18mg/mL de nicotina em seu líquido.
Para que essa quantidade de nicotina seja equiparada
a de um CC, é necessário que a concentração seja de
20 a 24mg/mL (15). A média de inalação de nicotina
varia de 0,72 a 1,16mg por CC, e para os usuários de
CE, de 1,2 a 1,4mg, durante 10 minutos de uso desse.
Dessa forma, apesar de o dispositivo eletrônico ser
inalado mais vezes que o CC, a taxa de inalação de
nicotina é semelhante entre ambos, indicando menor
eficácia do CE na entrega de nicotina (16).
Anicotina, por apresentar atividade vasoconstritora, reduz
as capacidades de cicatrização celular e de sangramento.
De acordo com Ralho et al. (2019) (6), o sangramento à
sondagem periodontal é menor em pacientes fumantes (de
CC e CE) por ação da nicotina, que mascara os sinais e
sintomas inflamatórios da gengivite.
Farsalinos et al. (2013) (15) analisaram, os
padrões de uso do CE e CC, em usuários experientes
e iniciantes, observando os tempos de inspiração,
expiração e tragada, por meio de gravação de
vídeos. Foi verificado que o tempo de tragada
durante a utilização do CE foi significativamente
maior (4,2±0,7 segundos) que o do CC (2,1±0,4s),
enquanto que o tempo de inspiração do CE foi menor
(1,3±0,4s) em relação ao CC (2,2±0,4s). Além disso,
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o teor de nicotina entregue foi menor no uso do CE,
em comparação ao CC. Contudo, ainda assim, os autores
relataram que ainda era precoce para determinar se essa
diminuição ou substituição do cigarro convencional pelo
eletrônico oferecia benefícios à saúde em longo prazo.
Tatullo et al. (2016) (17), em um estudo clínico realizado
durante 120 dias, analisaram a saúde periodontal de fumantes
convencionais, que passaram a utilizar CE. Nos fumantes
do CE, foi observada uma melhora na saúde periodontal,
com menor sangramento gengival, devido à vasoconstrição
causada pela nicotina. os efeitos deletérios na saúde
periodontal dos usuários do CC foram intensificados pela
presença adicional do tabaco, além da nicotina. A nicotina
promoveu vasoconstrição gengival e redução do fluido
crevicular, interferindo na resposta imunológica frente às
bacrias dos tecidos dentais.
Sintomatologia dos Vapers
Hua et al. (2013) (18), em uma pesquisa online
em três sites, investigaram sintomas relatados por
usuários de CE e verificaram que esses estavam
relacionados a mais de um sistema orgânico. Dentre
os sintomas positivos, citam-se melhorias na
resistência pulmonar e saúde geral, atenuação da
asma e alívio da bronquite. Dentre os negativos,
citam-se desidratação, edema, disfagia e congestão
nasal. Alguns dos sinais relatados pelos usuários
foram diagnosticados por cirurgiões dentistas ou
médicos, como anemia, rinite, periodontite, além de
dentes mais brancos e melhor saúde gengival. De
acordo com os autores, o número de efeitos
negativos ultrapassou os positivos, em 10 dos 12
sistemas orgânicos avaliados. Entretanto, os
sintomas provocados pelo CE podem ser menos
evidentes quando comparados aos efeitos do
tabagismo convencional.
O estudo clínico randomizado de Walele et al. (2015)
(19), no Reino Unido, evidenciou os resultados a curto
prazo (cinco dias) na saúde e a atenuação no desejo de
fumar, promovidos pelos dispositivos eletrônicos, quando na
restrição do uso do CC. Todos participantes do estudo eram
fumantes de cinco a 30 cigarros convencionais por dia, por,
no mínimo, um ano. Foi constatado que, no decorrer do uso
do CE em curto prazo, a vontade de fumar e os indícios da
abstinência do tabaco foram reduzidos. Os efeitos adversos
mais frequentes do CE, nesses cinco dias, foram tosse e
irritação na garganta, mas considerados leves.
Rifai et al. (2020) (20) estudaram a repercussão do
CE nas saúdes sica e mental dos indivíduos, utilizando
dados nacionais estabelecidos pelo Centro de Controle e
Prevenção de Doenças (CDC), por meio de um
questionário aplicado aos americanos. Na amostra
(n=956.146), 755.355 (79%) dos participantes nunca
haviam utilizado o CE, 111.940 (16%) eram ex-usuários
desse e 28.917 (5%) eram usuários atuais. De acordo com
os autores, a utilização frequente do CE estava relacionada
a piores indícios de saúdes física ou mental (sensação de
estresse, aborrecimento, fraco apoio emocional).
Tzorti et al. (2020) (7) desenvolveram uma revisão
sistemática com casos clínicos referentes ao uso de
cigarro eletrônico e doenças e lesões associadas a ele. Os
relatos foram divididos nas categorias: lesão, médica e
envenenamento. Nos relatos de caso de lees traumáticas
(53%), essas estavam relacionadas a acidentes de explosão
dos dispositivos de CE, provocados por falhas técnicas.
Nos relatos médicos de alteração respiratória (24%), a
doença mais frequente foi a lesão pulmonar aguda, seguida
pela pneumonia, provavelmente estimuladas pela resposta
inflamaria frente à inalação do vapor do líquido do
dispositivo. O uso do CE também foi apontado como fator
de risco para enfisema e pneumotórax, além de apresentar
efeitos prejudiciais para a asma. Os relatos de envenenamento
(12%) foram causados pela inalação acidental (por crianças),
ou intencional, por adultos, em tentativas de suicídio e eram
decorrentes da grande quantidade de nicotina presente no
líquido.
Saude Oral
Franco et al. (2016) (9) avaliaram a ão citotóxica do
CE sobre as células epiteliais orais, obtidas por citologia
esfoliativa, por meio do teste de micronúcleo (indicador
da instabilidade genômica). Os autores examinaram a
prevalência de transformações celulares na mucosa dos
participantes, que foram divididos em: fumantes de CC,
de CE e não fumantes. Foi observado que não houve
diferenças estatisticamente significativas na distribuição dos
micronúcleos entre os fumantes (de CC e CE), de acordo com
a idade, tipo de cigarro e sexo.As células da cavidade oral dos
fumantes de CE apresentaram medidas similares de tamanho
e de micronúcleos, em relação ao grupo de não fumantes. Já
a prevalência de micronúcleos diminuiu significativamente
no grupo de fumantes de CE, em comparação ao grupo de
fumantes de CC. Dessa forma, os autores concluíram que
a utilização do CE pode ser inofensiva para as células da
cavidade oral, já que a prevancia dos micronúcleos dos
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fumantes de CE foi semelhante aos controles não fumantes,
podendo ser indicada como uma forma de assistência para a
suspensão do tabagismo.
Cho (2017) (4) investigou a relação entre o uso de
CE com a saúde bucal de adolescentes coreanos, por meio
de questionário. O autor observou que a utilização do CE
pode caracterizar uma maior probabilidade de fraturas ou
fissuras dentais ou presença de dor na língua. Contudo, os
resultados não indicaram relação entre o uso do CE e
sangramento/dor gengival. Nesse estudo não foi realizado
exame físico dos estudantes.
Estudo transversal realizado por Huilgol et al. (2019)
(5), com dados do CDC, sobre saúde populacional
americana (n=456.343 indivíduos), estimou a relão entre
o uso intermitente/diário do CE e a saúde oral em
adultos. Esta, por sua vez, foi estabelecida pela quantidade
de dentes permanentes perdidos por consequência da cárie
denria ou doença periodontal. Um total de 10.062 (2,2%)
indivíduos relatou uso intermitente (não diário) do CE e
4.957 (1,1%) relataram sua utilização diária. Dentre os
usuários de CE, foi verificada pior saúde oral, sendo que sua
utilização dria foi relacionada a uma maior probabilidade
(78%) de apresentar problemas na saúde bucal (doença
periodontal e perda dentária).
Ralho et al. (2019) (6), em sua revisão sistemática,
verificaram que, ainda que os resultados indicassem que
os CE eram menos nocivos que os CC, os usuários do CE
estavam mais suscetíveis às mudanças teciduais da cavidade
oral em comparação aos não fumantes ou ex-fumantes.
Fumantes de CE apresentaram maiores índices de citocinas
inflamarias e piores padrões radiográficos e clínicos peri-
implantares e periodontais (perda óssea marginal, presença
de placa), em comparação aos não fumantes. Foram
identificadas maior predominância de lesões na mucosa oral
(líquen plano, candidose hiperplásica, melanose, estomatite
nicotínica) em usuários de cigarro eletrônico, em comparação
a ex-fumantes ou não fumantes. Outras alterações também
foram observadas em usuários do dispositivo, como língua
pilosa, glossite romboide mediana, leucoplasia, candidose
eritematosa e carcinoma de células escamosas.
Jeong et al. (2019) (1) investigaram a relação entre
cigarro (CC e CE) e doença periodontal, utilizando dados
nacionais obtidos do CDC coreano, sobre saúde e nutrição
populacionais. Os participantes foram divididos em usuários
de CE, usuários de CC, não fumantes e ex-fumantes. Foi
verificado que, dentre os 187 homens e as 35 mulheres
usuários de CE, 67 (35,8%) homens e 10 (28,6%) mulheres
apresentaram doença periodontal. entre os 1957 homens
e 363 mulheres que utilizavam o CC, 861 (44%) homens
e 121 (35,3%) mulheres apresentaram doença periodontal.
Dessa forma, a associação entre fumar (CE, CC) e a doença
periodontal foi estatisticamente significativa. Além disso,
residentes de áreas urbanas estavam menos propensos
a possuir doença periodontal, que os residentes de áreas
rurais. Por fim, os fumantes (de CE, CC) portadores de cárie
ou odontalgia prévias apresentaram maiores chances de
desenvolver doença periodontal.
A revisão sistemática realizada por Yang et al.
(2020) (21) verificou que sintomas bucais como
dor/incômodo, gosto desagradável, halitose, xerostomia
estavam associados ao uso do CE. No entanto, esses
sintomas eram reduzidos e amenizados (melhora no
paladar e halitose), quando comparados aos do CC, em
fumantes que substituíram o CC pelo CE. Dessa maneira, o
CE poderia ser indicado como um meio de reduzir os
danos à saúde em relação ao cigarro convencional.
Contudo, sua utilização estava relacionada a uma pior
sintomatologia, em comparação aos não fumantes. Os
componentes de sabor do líquido do CE podem estar
associados ao desgaste do esmalte dentário e estímulo para
bacrias cariogênicas. Problemas dentários em consequência
de explosões e queimaduras do dispositivo também foram
relatados. Por fim, foi constatado que os componentes do
vapor do CE conm substâncias genotóxicas, citotóxicas e
carcinogênicas.
Eletrônico X Convencional
Pepper et al. (2014) (8) avaliaram, por meio de um
questionário online, a perceão relativa aos riscos de saúde,
de fumantes de CC, em relação aos produtos alternativos
de tabaco (snus, tabaco sem fumaça) e ao CE. Foi
constatado que os fumantes consideram que o CE tem
menor probabilidade de provocar câncer oral, de pulmão e
doenças cardiovasculares, sendo esse resultado
consequência da publicidade positiva relacionada a esses
produtos, vistos como inovadores. Os participantes
consideraram que o CC apresentava significativamente
maior probabilidade de causar doenças cardiovasculares ou
câncer de pulmão, quando comparado aos produtos
alternativos do tabaco. Estes produtos, por sua vez,
também apresentavam mais chances de causar o câncer
oral, pelo fato de entrarem em contato direto com a
mucosa oral. Com isso, os participantes acreditavam que não
havia necessidade de substituir o cigarro convencional por
esses produtos alternativos, mas, na realidade, esses últimos
podem reduzir os danos que o tabagismo provoca. Para os
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autores, o CE é menos prejudicial para saúde e ajuda a cessar
o tabagismo, entretanto, as mensagens de saúde pública não
devem incentivar seu uso aos não fumantes.
O emprego do CE também pode ser visto como uma
alternativa auxiliar para fumantes resistentes em parar
de fumar. Na pesquisa realizada por Pulvers et al. (2014)
(14), com 2376 fumantes, foi verificado que 9,2% (n=219)
dos fumantes de CC também utilizavam o CE e, dentre
esses, 44% afirmaram ter utilizado o CE como uma forma
alternativa para suspender o tabagismo. Todavia, os usuários
concomitantes de CC e CE estavam sujeitos a um maior
impasse para a cessação do tabagismo e maior risco de
apresentarem doenças durante a vida, como cardiopatias,
neoplasias malignas, acidentes vasculares encefálicos, além
de sintomas depressivos.
Walele et al. (2016) (19) também verificaram que os CE
podem colaborar com a cessação do tabagismo
convencional, mas os fabricantes devem obedecer aos
cririos de qualidade determinados por autoridades
sanitárias reguladoras.
Mantey et al. (2019) (22) observaram que o poder do
marketing e da publicidade pode influenciar o
comportamento de jovens adultos na cessação do
tabagismo. Os autores coletaram dados em dois
momentos, um inicial e seis meses depois. Frente a baixos
níveis de exposição publicitária de CC e diante da
propaganda do CE, os fumantes associavam o uso de CE
como um auxílio para interrupção do tabagismo. Todavia,
uma exposição frequente a propagandas e anúncios do CC
comprometia a efetiva cessação do tabagismo, apesar da
exibição dos produtos de CE direcionarem os fumantes a
tentativas e intenções de pararem de fumar.
Berry et al. (2019) (23) estudaram como a utilizão
do CE interferia na cessação/redução do tabagismo em
adultos fumantes dos EUA. Para isso, utilizaram dados de
fumantes exclusivos de CC (2013-2014); e um ano após
(2014-2015), utilizaram dados para comparação e verificar
a utilização do CE. Verificaram que o uso diário do CE,
juntamente com o cigarro convencional fazia os fumantes
apresentarem 5,7 vezes mais chances de diminuir o
consumo do CC para, no mínimo 50%, e 7,9 vezes maior
probabilidade de pararem de fumar, ao menos por 30 dias.
A maior frequência da utilização do CE apresentou um
papel relevante para o sucesso da cessação do tabagismo.
Um estudo clínico randomizado observou se o uso do
cigarro eletrônico poderia interferir na saúde pulmonar de
fumantes que pretendiam diminuir o consumo de cigarro
convencional. Durante o estudo, os participantes foram
estimulados a diminuir a utilização do CC, enquanto faziam
o uso do CE ou de um produto substituto (não eletrônico).
Os fumantes de CE o utilizaram consideravelmente mais
vezes e reduziram a quantidade de cigarros convencionais
por dia, em comparação ao outro grupo, que usou o produto
substituto. Sendo assim, foi observado que a utilização do
CE, por um período de três meses, não forneceu danos na
função pulmonar, e que o número de cigarros convencionais
diários e a dependência reduziram significativamente (24).
Estudo realizado por Dehart et al. (2019) (3) foi
desenvolvido em duas etapas: na primeira, os participantes
leram relatos de saúde de usuários, adaptados do CDC, que
forneciam as possíveis vantagens na saúde e eficia do
uso do CE comparado ao CC. Na segunda etapa, a outra
parte dos participantes foi exposta a relatos que mostravam o
benefício financeiro e na saúde promovidos pela redução
do CC e consequente substituição pelo CE. Após os
fumantes terem lido os relatos, eles deveriam realizar
compras hipotéticas, em uma loja virtual, a Experimental
Tobacco Marketplace, de produtos alternativos de nicotina,
com o intuito de avaliar a mudança comportamental. Foi
verificado que, por meio dos relatos de saúde pública, a
compra de cigarro convencional poderia diminuir e, por
conseguinte, a sua substituição pelo cigarro eletrônico
poderia aumentar. Dessa forma, ficou visível a relevância
da divulgação de informações de saúde pública para
influenciar positivamente comportamentos e atitudes de
fumantes.
Qanash et al. (2019) (25) analisaram, por meio de um
questionário online, aplicado em 1007 estudantes
universitários árabes da área da saúde, os usos de CC e CE.
Um total de 142 (14,1%) estudantes era fumante de CC,
sendo que, dentre esses, 57 (46%) o fumavam diariamente;
enquanto que 279 (27,7%) fumavam o CE, com um quinto o
utilizando diariamente, e 45 (4,4%) estudantes eram usuários
dos dois tipos de cigarro. Quanto aos motivos para o uso do
CE, 49% dos estudantes o faziam por entretenimento; 16
(7,8%), em rao de depressão e 19 (9,2%), por ansiedade.
Ademais, 88 (42,7%) usuários de CE o consideraram como
um meio de assistência para parar de fumar, ao passo que
19 (9,2%) revelaram que a cessação pvia do tabagismo
convencional foi a única razão para iniciar o uso do CE. Por
fim, a maioria (56,7%) revelou êxito em cessar o tabagismo
com a utilização do CE. Porém, esse alto número pode ser
esclarecido pelo reduzido número de tabagistas analisados,
apresentando assim menor dependência ao hábito de fumar.
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Fumantes passivos
A revisão sistemática realizada por Hess et al. (2016)
(26) visou a examinar os efeitos do vapor do CE na saúde
de fumantes passivos. Foi verificado que a saúde dos
fumantes passivos pode ser afetada frente à exposição do
vapor de CE, na maioria dos 16 artigos levantados. Contudo,
quatro estudos averiguaram que a exposição ao vapor não
fornecia riscos para os fumantes passivos, e dois estudos
não expressaram se havia ou não risco. O vapor pode ter
produtos químicos perigosos, havendo consequências na
composição do ar, porém a exposição do indivíduo à fumaça
do CC denota maior ameaça à saúde do fumante passivo, em
relação ao vapor do CE. Além disso, a exposição constante
ao vapor de CE pode ser perigosa, especialmente para bebês
e crianças.
Visser et al. (2019) (27), em seu estudo, analisaram
como o ar emitido durante o uso de CE poderia prejudicar
a saúde das pessoas presentes no local. Para a pesquisa, os
vapores expirados pelos usuários foram coletados por um
dispositivo de captura após cada tragada, e os
componentes, como a nicotina, foram examinados. Após a
obtenção dos níveis dos componentes do ar expirado, a
exposição dos fumantes passivos foi estimada para duas
situações distintas: uma aborda uma viagem habitual de
automóvel (sem ventilação- simulando situação que se
aproxima aos níveis mais altos de exposição dria) durante
uma hora, com dois usuários de CE e uma criança
(fumante passivo). A segunda situação foi referente a uma
exposição, por quatro horas, em um escritório com um
usuário de CE (sala de 30 m³, ambiente ventilado). Os
resultados sugeriram que fumantes passivos podiam
apresentar: irritações oculares e nas vias aéreas superiores
pelas presenças do propilenoglicol e glicerol; elevação na
pressão arterial sistólica e maior frequência cardíaca,
consequências dos efeitos sistêmicos da nicotina. Contudo,
apesar de os fumantes passivos estarem sujeitos a riscos
em sua saúde, os efeitos provocados nos mesmos foram
leves.
DISCUSSÃO
Mais de oito milhões de mortes anuais são em
decorrência direta ou indiretamente do tabagismo
(1,2). Todavia, a utilização de cigarros convencionais
decaiu bastante nos últimos tempos (1,23), sendo a
utilização de cigarros eletrônicos, uma alternativa
proposta de auxílio para cessação do tabagismo
convencional (9,17,19,23,25).
Apesar de serem considerados menos prejudiciais
que os convencionais (6,9,18,21), mesmo para
fumantes passivos (27), os CE possuem várias
substâncias nocivas como agentes cancerígenos,
nicotina, metais pesados, compostos orgânicos
voláteis, aromatizantes, propilenoglicol e glicerol
(7,9,10,21,26,27). Mesmo que os CE sejam
considerados menos nocivos que os cigarros
convencionais, a presença dessas substâncias causa
efeitos na saúde e pior sintomatologia de seus usuários,
quando comparados aos não fumantes (6,21).
Dentre as alterações sistêmicas prejudiciais
causadas nos usuários do CE, podem-se citar: irritação
na garganta e olhos, dificuldade de deglutir, tosse,
desidratação, congestão nasal, inchaço, rinite e maior
frequência cardíaca. O CE representa fator de risco
para desenvolvimento de doenças respiratórias, como
a lesão pulmonar aguda, pneumonia, pneumotórax,
enfisema pulmonar e asma. Ademais, o CE também
está relacionado a problemas na saúde mental (irritação
e sensação de estresse), além de envenenamentos
pelo excesso de nicotina e lesões traumáticas, devido
ao aumento de temperatura e explosão do dispositivo
(7,18-20,27). Fumantes passivos também apresentam
alguma sintomatologia, contudo, considerada mais
leve (27), sendo bebês e crianças, os mais vulneráveis
(26).
Além de alterações sistêmicas, algumas alterações
orais foram encontradas em usuários de CE, como
doença periodontal, lesões na mucosa oral, perda
dentária, halitose, xerostomia, desgaste do esmalte e
gosto desagradável na boca. Foi verificada também
maior probabilidade de desenvolvimento de dentes
fraturados/fissurados, ou dor na língua (1,4-6,18,21).
Apesar de seus efeitos negativos, o CE apresenta
alguns efeitos positivos, como no auxilio para
cessação do tabagismo convencional (8,9,19,23,25),
diminuição da dependência desse (24) e redução
dos sintomas e repercussão dos efeitos na saúde, em
comparação ao CC (17,18,21). Uma melhor saúde
geral e resistência pulmonar, além da atenuação de
sintomas da asma e bronquite, e até mesmo dentes
mais brancos e gengiva mais saudável também foram
identificados como efeitos positivos do CE (18). Por
fim, o uso do CE em curto prazo (três meses) não
provocou danos no desempenho pulmonar (24).
Cigarro Eletrônico: Mocinho ou vilão?
Lima-Menezes I. y col.
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Entretanto, apesar do auxílio fornecido pela
utilização do cigarro eletrônico, poucos usuários
fazem uso concomitante de CC e CE na tentativa de
cessar o tabagismo (23), e ainda assim, o uso do CE é
um hábito viciante (25). Para Yang et al. (2020), o CE
pode ser sugerido justamente como uma forma de
diminuir os danos à saúde causados pelo tabagismo
convencional. Todavia, segundo Farsalinos et al.
(2013) (15), ainda está muito prematuro para se
estabelecer se a substituição do CC pelo CE, de fato,
proporciona uma melhor saúde/ qualidade de vida em
longo prazo para os indivíduos.
Mediante a maior difusão de relatos de saúde
pública na mídia, a busca pelo cigarro convencional
pode até reduzir, tornando o cigarro eletrônico uma
alternativa para sua substituição (3). Todavia, a
exibição regular do marketing e publicidade dos CE
não consegue promover a cessação eficaz do cigarro
convencional (22). Neste sentido, no intuito de
diminuir o consumo de CC, qualquer propaganda de
tabaco está proibida no Brasil e, nas embalagens dos
cigarros, se encontram imagens e mensagens sobre os
problemas relacionados ao tabagismo (28).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de considerados menos prejudiciais e
até auxiliarem na cessação do tabagismo, os CE
não são totalmente inócuos à saúde do indivíduo,
principalmente, por conterem substâncias genotóxicas,
citotóxicas e carcinogênicas, que podem causar danos a
saúde de seus usuários em longo prazo.
Além de afetar os pulmões, causando leopulmonar
aguda e pneumonia, frente à reação inflamatória provocada
ao vapor inalado, seu uso diário pode estar relacionado
a alterações orais, como doença periodontal e
consequente perda dentária.
O uso concomitante dos cigarros convencional e
eletrônico provoca maior dependência de nicotina, menor
chance de cessação do tabagismo e maior risco de
doenças como cardiopatias, neoplasias malignas e
acidentes vasculares encelicos e a sintomas depressivos.
Depressão e ansiedade podem ser motivos para início de
seu uso, além dos motivos recreativos.
Portanto, mesmo com substituição do cigarro
convencional pelo eletrônico, o indivíduo não está isento
de sofrer problemas de saúde. Dessa forma, as agências de
saúde pública, por meio de propagandas e relatos de saúde,
devem proporcionar informações relevantes relacionadas a
saúde e bem-estar dos indivíduos, visando a alcançar uma
mudança comportamental dos fumantes, tendo o cuidado
para não incentivar a venda desses produtos para os não
fumantes. No Brasil, está proibida a propaganda relacionada
ao cigarro, desde 2011. Adicionalmente, deve-se buscar
outras formas de controlar o tabagismo e investigar outros
métodos eficazes que auxiliem na cessação do mesmo.
Os autores declaram que não houve qualquer
financiamento e nenhum conflito de interesses
(econômico, institucional, laboral ou pessoal).
Autor Correspondente
Sandra Aparecida Marinho
Curso de Odontologia, UEPB, Campus VIII
Rua Coronel Pedro Targino, sn
CEP: 58233-000
Araruna, PB, Brasil
Email: san_mar2000@yahoo.com.br
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